quarta-feira, 30 de março de 2011

Foto PAUL KLEE

  Não sei se é ilusão, mas olhando as fotos dos poetas, dos artistas, pintores... me parece tão evidente o que eles foram; desde o que podemos observar em sua aparência: seres que realizaram essas obras que tanto nos encantam.

segunda-feira, 28 de março de 2011

VINTE OU TRINTA COISAS QUE A TERESA MAIS GOSTA

  Das orquídeas, das rosas, dos gerânios, das flores do campo — principalmente de todas as flores, como no "Rancho das flores" do Vinícius. Dos pássaros (todos), mais dos sanhaços e sabiás, que vem bicar as frutas que ela espeta no quintal. De ler no parque à tarde, embaixo da árvore, com sol ameno. De visitar os bichos, as plantas e árvores do parque ecológico. Dos sobrinhos (os grandes e os pequenos) e, como acredita religiosamente que a vida é o bem maior, gosta de todas as crianças. Gosta de olhar pelo vidro da janela, os filhos indo para o trabalho. De opinar sobre a roupa dos filhos. Gosta dos filhos antes de tudo. Gosta dos gatos e dos cachorros, especialmente dos cachorrinhos de pulôver. De passar prolongados minutos na frente do espelho, arrumando-se com o melhor dos aprumos; de refazer caprichosamente o desenho dos lábios com o baton. De ler matérias sobre saúde nas revistas, de conversar sobre saúde com os médicos, de caminhar e fazer ginástica, de ter uma vida bem saudável. E, por falar nisso, de fazer uma comidinha bem gostosa e saudável, para ela e para a família. De comer uma fatia bem amarelinha de bolo Cristina com chá, à tarde. De degustar uma deliciosa barrinha de chocolate, de estalar na língua um docinho sírio de mel com gergelim. De assistir filmes com Sean Connery, com a Audrey Hepbrun, com o Marlon Brando, com a Grace Kelly, com o Robert Redford; filmes dirigidos pelo Hitchcock, pelo John Ford, ou coisa nesse nível. De assistir a novela das seis, se ela for bem folhetinesca e de "época", com os pés enrolados no cobertor. De ouvir música clássica e popular; porém, sempre a mais tocante. De ouvir os sinos na torre da igreja, deitada, só imaginando a torre, sem vê-la. De se recolher no templo católico, vazio, rezar, e ficar esperando (como um dia aconteceu), que um séquito religioso venha pelo corredor do templo entoando um canto gregoriano. De Picasso, de Miró, de Leonardo e Rafaello; de Paul Klee, que é o único pintor moderno que, se ela pudesse, colocaria qualquer quadro na parede. De passear e passear... de ter os sentimentos mais pueris na praia, diante do mar. De ver a paisagem de madrugada, do alto, quando as nuvens ficam pairando abaixo dos pés. De olhar a estrela d'alva pela janela do quarto quando acorda. Das vitrines bonitas, principalmente as de roupas e calçados, de tomar o mais delicioso dos sorvetes no shoping. De visitar os amigos. De receber visitas. De conversar, de ouvir poesia lida em voz alta. De Carlos Drummond de Andrade, de Manuel Bandeira, de Guimarães Rosa. De fazer projetos artísticos no Coreldraw e depois realizá-los com pastel sobre o cartão. De ler o noticiário na internet. E, quem sabe finalmente: dormir um sono reparador — sem sonhos.

EDGARD RODRIGUES